domingo, 13 de setembro de 2020

infancia perdida

Minha infancia foi de muito trabalho. Resumindo meu pai nao era bom provedor. Dai eu tinha q pegar esterco de cavalos e vacas pra vender pra donas colocarem no jardim. Ganhava um dinheirinho engraxando sapatos de motoristas de ônibus. Fiz munha própria caixa de engraxate. Tinha orgulho de trazer dinheiro pra casa pra minha mãe comprar comida. Minha mãe era paralítica das duas pernas. Mas andava com muleta. Vivia cantando. O ser mais maravilhoso e acolhedor q eu conheci nesta encarnação.ela passou por esse mundo como a luz do sol. Dando esperança e vida onde colocava os olhos. As vezes ela me fazia ainda pequeno ser o q sou hoje . Um vendedor de sonhos. Ela fazia sonhos de padaria e colocava numa bandeja pra eu ir vender. Hj como bibliotecario e livreiro o que sou senão  um vendedor de sonhos? Gosto de levar pessoas como você que esta lendo isso a lugares. Vou leva lo então direto pra minha infância. Zasss chegamos. Pense numa casa pobresinha mas aconchegante pela boa energia.pode entrar na minha casa. Vc é bem vindo(a) aqui. Venha. Sente se à minha mesa. Desculpe as paredes rebocadas com areia vermelha de rio e com algumas falhas no reboque. É uma casa pobre mas limpa. Minha mae tem mãos de fada para cozinhar, um coração do tamanho do mundo pra receber pessoas. Se eu te contar algumas coisas que ela faz voce vai custar a acreditar. Sente se aqui a mesa comigo. Logo ela vira com um café maravilhoso e bolinhos de chuva. Oi filho! Trouxe uma amiguinha pra me conhecer? E o cheiro maravilhoso do cafe com bolinho de chuva canelado invade nossos narizes. Ela te abraça como se vc fosse da familia. Muito prazer em te ver menina(o). Que bom ter voce aqui na minha casa. Hoje só tenho café com bolinhos de chuva pra te oferecer. Mas volte sempre. Amanha se vier faço um bolo. Dai ela me abraça com aquele abraço acolhedor do tamanho do mundo. Tenho q te contar uma coisa. Tenho uma irmã pequena q tem sindrome de down. Tenho 6 anos e ela tem 2. Minha mãe ja me acha um homem grande. E eu ajo assim. Ela. Todas as quartas feiras. Amarra minha irma em minhas costas. Sabe, ela aprendeu fazer essa trouxinha nas costas com japonesas em uma colonia japonesa em q morou. Dai ela amarra minha irma nas minhas costas pra eu levar ela no postinho de saude. Dai hj vc pode vir comigo. Eu te ensino o caminho. É ali ó. Pela beira daquele riosinho. Vamos descer ate aquele trilho ja terminou de comer? Gostou do bolinho de chuva? . Ela nao pode ir com a gente porque anda só com muletas. Mas eu nos meus 6 anos. Ja sou um homem. Eu te guio. Mas tenha cuidado. Nao é um caminho facil. Tem que pular uns brejinhos de vez em quando. E com cuidado pra nao derrubar a nenezinha amarrada nas minhas costas. Vamos a frente. Olha aquela pinguela. Um tronco de arvore que colocaram ali pra atravessarmos o rio. Vamos subir por aqui. Logo chegamos na igreja catolica onde fica o postinho. Você vai ver a festa que fazem quando eu chego com minha irmanzinha bebê nas costas. Vamos virar a direita. Sobe essa escadinha. O postinho é logo ali. Ao chegarmos perto do posto vc vai ouvir logo um vozerio. Nao se assuste. - olha. É ele!. O menino que traz a irmanzinha no posto! De dentro da igreja saem duas freiras de roupa cinza em nossa direção. Oi garotão, elas dizem, hoje você veio acompanhado dessa leitora. E aqui esta voce denovo com sua irmanzinha nas costas. Parabéns homenzinho. Vou desamarra la diz uma delas. Os médicos vão examina la e te dar o leite pra vc levar pra ela tomar. Dai desembrulham ela. Examinam, dão um remedinho pra ela tomar e duas latas de leite em pó pra eu levar pra casa. Hj amiguinha(o) vc leva as latas ta? Assim me equilibro mellhor pra não derrubar minha irmazinha. As freiras amarram novamente a bebê nas minhas costas. E perguntam: como vai sua mãe homenzinho? -Vai bem sim senhora. Eu respondo. Tchau, eu e minha compania ja vamos de volta pra casa.
Tchau pequeno. Vai com cuidado. Dai voltamos pra beira do rio. E andamos pelo trilho até minha casa. Subimos a rampa e novamente estamos em casa. Minha mae vem ate a beirada do rio nos receber. E feliz nos abraça. Sei. O texto foi cumprido e vc precisa ir embora né amiguinha ( o )? Volte outro dia leitor( a) . Minha mae faz um bolo de laranja delicioso. Obrigado por sua compania e até a proxima visita. Podemos brincar de jogar bolinhas de gude ou pedrinhas no rio se vc voltar. Obrigado pela visita. Se v gostou nao deixe de comentar. Desculpe erros de digitação.

sábado, 11 de abril de 2020

Memórias

Eu adoro escrever. Sabe, eu, quando era office boy no ipt. Instituto de pesquisas tecnologicas eu andava entre os prédios do ipt lendo, srmpre lendo e andando levando as correspondencias. Até q algo começou a me incomodar por dentro. Parecia um pus na alma que tinha que sair por algum canal. Então resolvi  escrever andando ao invés de ler andando.a letra saia horrivel mas dava pra ler. Fiz um tipo de um diário com capa de papelão e as folhas dobradas de sulfite. Era um caderno pequeno que podia ser facilmente gusrdado no bolso e manuseado enquanto eu andava e escrevia. Não me lembro do que eu escrevia ali. Mas foi o alívio do que me incomodava. Eu infelizmente perdi esse caderninho nas mudanças. Quando fui pra Inglaterra deixei muita coisa pra trás. Até a máquina de costura da minha mãe costureira. Depois de muito tempo eu a recuperei porque uma tia que a guardou me deu de volta a singer que minha mãe usava na época em que não havia lojas de roupas e que se comprava cortes de pano pra fazer calças bocas de sino e vestidos. Mas o que me veio á memoria foi que antes de minha mae voltar ao lar espiritual e rencontrar amigos e parentes la, eu sugeri que ela escrevesse suas memórias. E ela o fez. Imagine o que podia contar uma pessoa como ela que teve polio aos 2 anos de idade e apesar de tudo, conquistou ter um lar com 4 filhos e marido. Hoje guardo com carinho as memórias que ela escreveu com a letra dela. Eu creio que você tem muitas memórias do tempo que já experienciou por aqui e seria de muita valia se deixasse o máximo que pudesse registrado pra quem como eu, gosta de embarcar em histórias e causos. O bom de vc escrever é que pode levar o tempo que for preciso par contar os detalhes que levam a imaginação dos leitores a viver um pouco da sua história na imaginação.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O vendedor que comia sonhos

 - Toma aqui filho esta bandeja com os sonhos que fiz para vender. Boa sorte. O menino saia pelas ruas e ia nas casas em obras vendendo os sonhos de padaria que sua mãe havia feito para os pedreiros e serventes que devoravam as vezes mais de um. Por dó do menino de 7 anos, todos pagavam direitinho e nem pensavam e dar um perdido no moleque. Ia as vezes longe, para um lugar que chamavam de "A cidade universitária" e andava com muito prazer por aquelas ruas desertas até chegar a uma construção qualquer onde venderia os sonhos. Tomava sempre o cuidado de comer um sonho antes de vender os últimos, era seu combustível de volta para casa. Depois de vendido todo o conteúdo do cesto de sonhos e de ter comido seu sonho, que normalmente era o maior que encontrava no cesto, ele voltava todo feliz, trazendo o dinheiro para sua mãe poder comprar alimentos para a família. Sonhava em ter uma bicicleta, igual a do Daniel seu amigo, um menino negro que morava próximo de sua casa. O Daniel sempre emprestava sua bike novinha para o menino dar uma voltinha. Um dia, quase roubaram a bicicleta do Daniel numa dessas voltas, mas o menino se orgulhou de ter corrido o suficiente dos ladrõezinhos e ter escapado ileso. Juntando esterco de vaca e cavalo, ferro velho e engraxando muitos sapatos, o menino juntou o suficiente para comprar sua primeira bicicleta la pelos idos de 1971. A mãe do Daniel logo que soube da história da compra chamou o menino para conversar. Era uma senhora negra e crente cuja família sempre ajudou a mãe do menino, pois esta era paraplégica e as
vezes passava muito aperto com seus 4 filhos e um marido maluco que não sustentava a família direito. -Menino, ela disse. Quero te dar os parabéns pela sua nova aquisição e te dizer que tenho certeza de que você vai muito longe.Sim, porque ao invés de ter inveja do seu amigo que tinha uma bicicleta você lutou com suas próprias forças e comprou a sua. Assim será em toda a sua vida. Tudo aquilo que você quiser vai conseguir.O menino vendedor que comia sonhos criou asas com sua calói dobrável. Ia para o pico do Jaraguá só olhando o rumo da montanha e seguindo pelas ruas pedalando. Andava de bike na USP admirando aquelas estátuas enormes de cavalos que lá ainda estão por testemunha de suas aventuras. Um dia suas asas o levaram para bem longe em terra estrangeira num outro sonho que parecia impossível. Mas isto já é uma outra historia e um outro sonho do grande sexto de sonhos que a vida sempre nos apresenta dizendo: Tudo é possível para aquele que acredita que pode.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Eu ja fui bonitinho por fora, hoje eu tento melhorar o que tem dentro.

Sim, ja fui bonitinho....Já aos 52 anos  brigo com as amarras mentais que implantaram em minha
mente quando eu tinha esta idade. O que me ensinaram dai até ha pouco tempo é: Estude, arrume um emprego e você vai viver bem. Ou, embarque no trem da educação no primeiro ano de escola e saia da faculdade empregado e bem sucedido. Ou, não seja igual a seu pai, estude. Só que o que eles diziam não ressoava de alguma forma com a realidade que eu via. Não era pela ideia, pois tinha muita gente que estudava, trabalhava e era feliz(ou eu pensava que era), era por alguma coisa que não me contavam e que eu também só consegui descobrir muito mais tarde quando consegui olhar minha realidade de um outro ponto de vista. Só que eles não me contavam porque também não sabiam e alguns deles, dos meus familiares mais velhos, não sabem até hoje. E, vou ser sincero, se eu contar não vão acreditar em mim e vão fazer o que a maioria das pessoas como eu fizeram e fazem...dirão..ah, tá...e esquecerão de agir no sentido de mudar. O grande segredo, que hoje está mais fácil das pessoas alcançarem é que 90% da nossa vida é vivida pelo nosso inconsciente e dos outros 10% que sobram, uns 5% é vivido pela nossa razão.Os cabalistas dizem que é 1%, ou seja, 1% da nossa realidade, da vida física, das coisas, dos acontecimentos são ditados pela nossa percepção de realidade. Ufa, pensa cara, que droga é essa que o Rudi ingeriu para dizer que eu só racionalizo e só vivo com 1% das possibilidades ou como dizem os cabalistas, no mundo do 1%. Bom, a história é meio comprida, não dá para ser um post , dá um livro, mas, só pra você entender o que eu estou dizendo, pensa nisto: Você é consciente da sua respiração o dia inteiro?
Você é consciente de todos os processos que ocorrem em seu corpo o dia inteiro como digestão, nutrição celular, defesa contra invasores do organismo e etc...? Mas sem estes processos você não vive não é mesmo?  Tudo isto ocorre em eventos que sua razão ignora.

Assim também muitas coisas acontecem em sua vida porque na idade de formação que vai de zero a 7 anos muitas crenças e limitações te foram implantadas e sua vida seria moldada por estas crenças das quais, muitas vezes, você não se da conta que existem (quem ja estudou programação neurolinguística sabe). São crenças do tipo: "O dinheiro é sujo", "Rico não vai pro céu",  "Ninguém faz nada de graça para os outros", "Fácil vem, fácil vai", e vou ousar a citar as crenças de cunho racial que ouvi desde menino como: "Preto quando não caga na entrada, caga na saída"; quando um Negro erra: "Tinha que ser preto".

Meu pai, que era mulato, dizia um ditado podre: "Preto, pato, peru, policia e parente são os que mais cagam na casa da gente". Arregalou os olhos? Feio pra época de hoje né? Mas "digaê", nunca ouviu isto em sua vida? Racionalmente hoje você repudia tudo isto, mas ficou gravado lá no fundo do seu ser, porque quando você ouviu pela primeira vez não tinha crítica ou não sabia que isto tinha o poder de piorar sua vida e/ou a de outras pessoas a sua volta. Dei exemplos podres, quem me conhece sabe que eu reconheço meu preconceito para poder lidar com ele, rejeita-lo e não deixar ele prejudicar os outros(aprendi isto com os irmãozinhos do Núcleo de Consciência Negra da USP). A maioria das pessoas são doentes de preconceito e não o admitem. Assim como o alcoólatra, se você não admite a doença, não se ajuda para eliminá-la e não pede ajuda.Num pais que teve nosso passado de escravatura e o descaso com o que sobrou da mesma(negros marginalizados) é impossível que você não foi vítima da podridão do preconceito vindo que qualquer setor da sociedade.

Bom, dai, você com toda esta programação podre que recebeu aos poucos dos pais, da escola e da sociedade, vai pela vida adulta afora comparando tudo aos rótulos que foram sendo formados em seu intimo. Tipo: "Aquele cara e rico, então deve ser ruim, sujo no agir e não vai pro céu"...ou..."Aquele cara é negro então vai me dar algum prejuízo em algum momento." Não vemos as pessoas como elas são, e sim através da lente dos nossos rótulos. Isto resulta em que a nossa defensiva nos torna quem nós somos e o mundo passa a nos ver como nós nos mostramos. Só que nós estamos andando pelo mundo como zumbis, com crenças dos outros e com programação imposta pelos outros. Gosto do budismo porque um dos Budas disse:(parafraseando, é claro..)" Não acredite em uma palavra do que eu estou dizendo, tenha a sua própria experiência e dai forme a sua opinião. "

Foi uma caminhada de muito penar até eu descobrir isto que estou lhe contando. Se você levar isto a sério vai lhe causar uma grande convulsão mental em que você vai perguntar : E dai? Se for verdade o que está dizendo, o que eu posso fazer para mudar isto?
Eu lhe respondo com outra pergunta: Não dá pra fazer uma pergunta mais fácil? Dá um livro meus amigos.
O que posso dizer para finalizar o post e não matar vocês também de curiosidade é que isto tem cura. Esta é a boa notícia,  mas depende de muito esforço...dai a notícia não é tão boa assim. É como se você tivesse que arrancar uma das piramides do Egito de lá e te dessem uma marreta e uma talhadeira para você fazer isto. Facinho né, é só pegar a marreta e ir batendo na talhadeira sob aquele sol escaldante do Egito e aguentar a pressão do povo dizendo que é patrimônio da humanidade e que você não pode derrubar ou se derrubar vai pagar por isto. Bem figurativo o meu exemplo, porque a dificuldade em você retirar uma crença arraigada em sua mente é exatamente a mesma. Muitas pessoas que ainda não chegaram á conclusões como as suas podem te dizer que é loucura o que está tentando e ainda te dizerem que você vai acabar se dando mal. Um exemplo é se você começar a achar que a religião que te impuseram não é mais uma necessidade. Se for Católico anda a coisa é velada. Vão te dizer que você tem que ter uma crença mas não vão te encher muito o saco. Mas se você for crente ou mais politicamente-correto falando, se você for "evangélico" ai você vai ver o que é uma multidão de gente te falando que em sua vida tudo está dando errado porque você saiu da igreja. O que é na maioria dos casos uma grande mentira. Tem gente que ja saiu de igrejas e se deu muito bem, mas estes não são mencionados. Tem gente que foi para uma outra religião e se deu bem ou se deu mal. Se se deu bem é porque era do diabo mesmo a pessoa. Se se deu mal é porque Deus castigou. Sabe, foi só um exemplo. Pense assim, se você odeia patrão, horário, salário e quer ser empreendedor vai ter um monte de gente dizendo que você é vagabundo e não quer trabalhar ou que fica escolhendo trabalho. Mas, se como patrão você se der bem, muita gente vai dizer que você nasceu pra brilhar.
O importante disso tudo é o que você acha. Se você acha que sua vida está 100% bem e não precisa evoluir em nada, então é assim que vai ficar. Se, por outro lado, você acha que precisa mudar algo para que os resultados que está colhendo mudem, vai sempre estar inquieto e inconformado.
As formas que foram utilizadas para submete-lo ao sistema em que hoje você vive foram diversas. Uma delas é a repetição. Por isto a própria repetição é um antídoto para tirar os "chips" que lhe implantaram na mente. Não é a toa que tem cursos de neurolinguística que indicam frases que você deve dizer repetidamente para desfazer crenças venenosas. São frases do tipo: "Sou feliz e agradecido porque o dinheiro flui para mim em quantias cada vez maiores, de múltiplas fontes e em bases constantes" . De tanto repetir isto, vira um pensamento e quando você incorporar esta verdade como sua, vai olhar o lado de fora e ver que realmente, de um jeito ou de outro você recebe dinheiro de várias fontes. Talvez seja ainda pouco ou insuficiente, mas passou a ser uma verdade. Tem outras como a conhecida: "Todos os dias, sob todos os aspectos, vou cada vez melhor" que é usada como cura para qualuqer doença e... por ai vai. Então a primeira dica é a repetição de coisas boas até que se tornem sua verdade.
Outra coisa que usaram para nos submeterem foi a visualização. Propagandas repetitivas mas onde a visualização era mais focada do que as palavras que eram ditas o fizeram acreditar em muitas coisas. Um exemplo é o da propaganda da Coca-Cola que mostrava alguém bebendo o refrigerante e fazendo cara de feliz mostrando o produto e gotas de água escorrendo e a refrescância que trazia beber aquela porcaria ou a propaganda da margarina que mostra uma família feliz em volta da mesa, sorrindo loucamente um sorriso forjado(talvez o povo estava feliz com a grana que estavam ganhando para fazer aquela propaganda, porque a margarina mesmo é super nociva ao seu corpo), ou ainda a do Cowboy do cigarro que tinha todas as mulheres do mundo porque fumava(e diga-se de passagem que o ator morreu de cancer pulmonar). Visualização também é uma arma poderosa para desfazer o veneno incrustado. Só que para funcionar você precisa além de visualizar sentir o que está visualizando. Então se você quer um emprego, tem que além de ver o lugar onde quer trabalhar, seu primeiro dia de trabalho ali, sentir a felicidade que vai te dar estar empregado ali naquele lugar que tanto almejou. Ou se você quer um carrão, visualize-se dentro dele, dirigindo o carro e sentindo o cheiro de carro novo e o quanto você está feliz com sua nova aquisição.
Usaram outras técnicas também para lhe fazer engolir o monte de lixo ideológico que você engoliu sem perceber. Dizer que não adiantava fazer nada porque, por mais que você fizesse ainda não estaria a contento e você deveria se "aprimorar" para não perder seu emprego ou para não ser ultrapassado. Bom, isto se chama meia verdade. Usa-se muito para convencer pessoas a comprarem o que não precisam com o dinheiro que não tem. "Beba bebida alcoólica e você vai se sentir super bem. "(sim, em parte é verdade,  até o dia seguinte quando terá uma dor de cabeça danada e vai descobrir o que fez no dia anterior, o que vai aumentar sua dor de cabeça...) ou "Se você tiver muito dinheiro vai ter problemas de perseguição, sua família pode até ser raptada"   Meio que sim, você pode ter problemas, mas também você pode mudar de onde vive para um lugar mais seguro, terá condições de ter seguranças e não andará por lugares perigosos já por saber que não é recomendado para pessoas que tem mais dinheiro.  Veja, as meia-verdades compram as pessoas que tem crítica baixa e não formulam perguntas como "Porque?" . Então a dica é não aceitar verdades absolutas nunca, nem de religiões e nem de pessoas. Se não for possivel questionar, desconfie muito porque atras de todo grande "Jim Jones" sempre vai ter gente que aceitou verdades absolutas e bebeu veneno para ir para o paraiso.
Sobretudo o que demorei para aprender e ainda estou no processo de tornar uma verdade em minha vida é que "o que está dentro se manifesta do lado de fora."  Se você alimenta sua cabeça com "Datena" não vai manifestar "Gandi" em sua vida. A diferença entre manifestar um e outro é que um deles não tinha nem incutia nas pessoas o medo do outro ser humano e o outro gera este medo nos outros. Logo, se você assiste "Datena" primeiro vai criar uma carapaça contra o mundo e achar que qualquer pessoa que se aproxima de você quer matá-lo e depois vai se isolar do mundo para não ser aniquilado pelos bandidos. Se você se alimenta de "Gandi" vai se abrir para as possibilidades que o mundo tem e traz porque não tem medo do outro e nem de morrer por suas convicções.
Para concluir e, para quem teve paciência de ler até aqui, eu diria que é muito, mas muito difícil brigar contra as pequenas e danosas gravações que estão no fundo de nosso subconsciente a comparar, rotular e medir tudo. Vai ser difícil a primeira vez que você atravessar uma favela a noite. Você vai ter medo de morrer porque te disseram que era isto que iria ocorrer. No entanto eu ja atravessei várias e uma das mais perigosas a noite e muitas vezes atravessei depois da primeira,  e estou vivo até hoje. Mas para tirar meu medo, tive que fazer isto pela primeira vez e por algumas mais, até descobrir que era mentira o que me diziam. Os Fenícios, na antiguidade, inventaram monstros e catástrofes no mar para que as populações não ousassem além de certos pontos onde só eles conheciam e dominavam. E você? Vai continuar crendo que a terra é quadrada ou vai se auto-desafiar nos seus mares revoltos de gravações purulentas para descobrir os outros 99% da realidade?

domingo, 8 de junho de 2014

CARTAS A MINHA FILHA Anne C.H. Santos carta 4 O jardim das rosas de Dona Odete e o abacateiro sonhador

. --A casa foi feita em mutirão. Juntaram-se os tios e tias e vinham aos fins de semana para ajudar a construir. Antes de morarmos ali na Avenida Marginal do Corrego da água podre, como era chamada a rua que depois se tornou Waldemar Roberto, moravamos na beira de um rio, numa favela perto da vila Dalva. Meu pai comprou com sacrificio, um terreno na beira de um rio e com mais sacrifício ainda, construiu um cômodo para entrarmos e moramos ali, todos, minha mãe, ele, eu, o Jaime, o Silvio e a Radinei. Do outro lado do rio, três barracos de gente que veio do nordeste e não tinha onde morar. Com o tempo os três barracos se multiplicaram exponencialmente e viraram milhares e o aglomerado deles passou a se chamar Favela do Sapé. Saímos de uma favela porque alugávamos um barraco para morar, veja que pobreza extrema, e quando conseguimos através de meu pai, sair para morar em uma casa própria, ergueu-se uma favela bem na frente de casa. Quando os tios vinham para ajudar bater a lage, rebocar as paredes, era uma grande alegria. O tio Heitor sempre foi o tio mais brincalhão do mundo e o tio "Einsten" da família. Sempre foi muito inteligente. Sabia muito de historia e de muitas outras coisas. Me lembro que ele quem me ensinou a bater prego com o martelo. -Segura mais na ponta do cabo e o peso todo do martelo vai fazer um trabalho mais eficiente. Se você segura muito perto do martelo, a pancada é mais fraca e você vai levar mais tempo martelando. Eu adorava aprender as coisas com ele. Ele foi o tio que me ensinou a dirigir com seu fusquinha azul. Uma coisa tão importante dessas a gente nunca esquece. Ele arriscou sua vida e seu carro em minhas mãos de aprendiz em uma época que ainda não era crime um tio ensinar o sobrinho a dirigir. Quando ele e o tio Gessé iam em casa para ajudar na construção traziam os filhos era sempre muito legal. O tio Ulisses e a Tia Ica eu vim a conhecer depois. Também tios amáveis e maravilhosos. O terreno era grande, tinha uns 400 metros triangulares, pois era largo atras e mais fino na frente. Nesta casa eu creci e vi meus irmãos crescerem até onde conseguiram. Havia um quintal na frente onde minha mãe plantava suas flores. Ela adorava rosas. haviam ali roseiras de várias cores. Quando sinto cheiro de rosas lembro me dela. Ela era uma roseira em flor, mas sem espinhos. Ou um pássaro que cantarolava ao pousar por sobre as roseiras, apesar dos espinhos. Minha mãe vivia cantando. Sempre me lembro dela a cantarolar um hino de igreja. "Deixa a luz do céu entrar, abre bem a porta do teu coração..." era parte da letra. Hoje eu sinto esta letra muito mais profundamente que na época. Quando estou triste e sozinho, ou quando estou preocupado com as coisas da vida, me lebro da canção e canto para ninar meu próprio coração. Deus estava ali, dentro dela, porque ela fazia do seu canto uma celebração perpétua de seu Deus interno. Flores, cores, perfumes, ela hoje deve estar transformando a dimensão em que habita em um lindo jardim. Mas voltando ao quintal, havia também um abacateiro que eu mesmo plantei. Não deve existir mais porque o dono atual da casa deve ter cortado para que a casa não corresse perigo, mas era lindo. Assim que ele tomou corpo, eu subia nele para sonhar. Eu tinha uns 13 anos e Ficava lá em cima, meu mundinho particular, até as tantas da noite só pensando, sonhando com dias melhores.Até minha mãe me chamar: -Nado, desce dai, vem dormir. Aos 13 eu ja trabalhava com carteira assinada e sustentava minha familia. Trabalhava na Dempabras, uma empresa de projetos sei la do que, como office boy. Oficeboy era um "faz quase tudo e sabe quase nada" que as empresas contratavam para levar e trazer documentos, ir a bancos etc... Eu pensava em sair do pais, e saia do planeta viajando em minha mente por lugares que eu ia imaginando. Ver a lua dali daquele galho de abacateiro era o máximo. As estrelas num dia de céu limpo eram um espetáculo a parte. Elas piscavam lindamente e dançavam no céu. A noite ia seguindo em frente e eu ia revesando meu traseiro no galho do abacateiro para poder permanecer ali por mais tempo. Minha mente era de uma riqueza tão profunda de pensamentos que eu, se pudesse, nunca mais desceria daquele galho, meu refúgio na terra. Ali planejei minha viagem para outro pais quando nem imaginava que eu realmente iria. Ali eu tentava enxergar nem que fosse um milimetro do meu futuro para poder ter esperança. Alias, esperança foi algo que aprendi a ter com minha mãe. Não importa como, não importa quando, mas farei tal viagem um dia. E fiz mesmo. A adolescencia foi uma tremenda aventura. Um laboratório de vida e de experiências humanas que foi muito importante em minha vida. Eu realmente me sentia vivo e vivia cada segundo de minhas aventuras, nem que fosse uma aventura besta de pegar uma trilha no mato com o Bob, meu cachorro branco de nariz marrom. Eu sentia todos os cheiros, todas as cores, o vento na cara, o medo do escuro, os pingos da chuva, tudo, com muita, mas muita intencidade. Valorizo cada momento daquelas experiencias, das quais me lembro até hoje. É isto o que tenho hoje a dizer pra você minha querida Anne. Daqui do meu distante planeta, te envio muito boas energias. Namastê. O deus que habita em mim saúda o deus que habita em você

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Os legumes revoltados do vovô Nestor

Meu avô, Nestor Soares de Macedo era muito engraçado, tinha um humor levemente sarcástico, pelo que me lembro, mas não deixava de ser fantástico para os que com ele conviviam. Ele fazia brinquedos que eram palhacinhos de papelão que montava com ilhós e estes palhacinhos, conforme você puxava um cordão abriam os braços, mexiam as pernas e mostravam a lingua. Meu avô era sapateiro e também fazia cintos em época que você, para ter um, precisava encomendar no sapateiro. Pelo que me lembro ele teve sérios problemas de saúde por causa do cheiro da cola de sapateiro. O que os moleques de rua querem cheirar para dar barato, meu avô cheirava sem querer e sem poder, pois tinha bronquite asmático e ficava muito mal as vêzes. Mas, ele, pelo que me lembro amava muito minha avó e fazia coisas engraçadas para ela rir. Me lembro de um episódio em que ele, para mostrar a revolta dos legumes que não estavam sendo utilizados na geladeira e que estavam murchos, pegou um xuxu, uma batata, uma cenoura, uma beterraba e entalhou algumas formas. O xuxu ficou parecendo um jacaré, dos outros eu não me lembro, mas ficaram todos com alguma carinha engraçada. Os pés ele fez com palitos de fósforo e palitos de dente. Todos os vegetais entalhados seguravam uma plaquinha onde estava escrito: "Não me quis, vou-me embora" ou "tchau, ingratos!" ou algo assim. Depois ele colocou em fila, alguns segurando uma trouxinha, como a sair da geladeira, no chão. Não sei quando ele entalhou, mas lembro-me que, pela manhã, lá estava a fila de vegetais revoltados indo embora. Minha avó riu muito quando viu. Eu, sinceramente pensei que ia sair briga porque afinal era uma forma de dizer que ela não havia utilizado os vegetais. Mas creio que ela não aguentou a palhaçada e começou a rir. Tem muitas outras histórias sobre meu avô que vou contar por aqui. Ele era um velhinho muito querido pelos netos. Sempre que ia em casa, dava um dinheirinho para os netos. Me lembro da época em que um cruzeiro dava para comprar 10 doces. E adivinha o que eu fazia? Comprava 10 doces com o um cruzeiro que meu avô me dava e não dava nenhum pedaço para ninguém. Meu irmão também ganhava e eu não lembro bem, mas acho que ele poupava para comprar outras coisas depois. Mas o meu dinheiro eu comprava tudo de doces. Haviam doces que vinham com brinquedos, era fascinante sentir todos aqueles sabores e ainda ficar com os aviõesinhos de plástico e os soldadinhos que vinham enfiados nos doces. Mas me deixem terminar por aqui a história dos vegetais revoltados do meu avô e até a próxima história.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Uma aventura na selva rondoniense


Foi lá pelos anos 80, não sei qual foi o mês que resolvi ir ver meu velho que morava perto de uma cidade de Rondônia que se chama Vilhena. Eu trabalhava na época na Eletropaulo em osasco e consegui pegar férias de 30 dias para empreender minha viagem. Para mim era tudo novo. Pegar um ônibus que atravessaria o pais passando por alguns estados era algo que eu nunca havia feito antes. Levava simplesmente 3 dias e 3 noites para chegar a Vilhena. Metade da estrada era de asfalto e a outra metade de terra. De vez em quando chovia e todos tinham que descer do ônibus para desatolá-lo empurrando.
. Durante a viagem um veado foi atropelado. Os passageiros desceram e tiraram seu couro e repartiram a carne para assarem mais tarde. Paramos em Mato Grosso e tive que dormir em uma pensão por lá porque o ônibus que continuaria a viagem só sairia no dia seguinte. Cheguei em Vilhena e tomei uma vacina logo na entrada da cidade. Na época nem me liguei que estava entrando num lugar onde certas doenças como a malária e a febre amarela eram comuns. Ao chegar na rodoviãria, pedi ao moto-taxi que me levasse até a casa de ferragens do Sr. Hélio. Ele era um amigo de meu pai e poderia me dizer se o velho estava na cidade ou na mata que chamava de fazenda. Pedi ajuda a um pessoal de uma igreja Batista e eles me deram guarida até que eu achasse meu pai. Todos os dias eu passava na casa de ferragens e perguntava ao Sr. Helio se ele havia visto meu pai. Ele sempre me dizia que ainda não, até um dia em que ele disse: -Seu pai acabou de sair daqui.Corra pela rua que você o encontra. Corri pela rua apressado, até ver meu velho, andando com seus passos firmes e duros e suas mãos de um jeito que era só ele que mantinha quando andava. Mais tarde me peguei copiando tal gesto sem querer, mas me lembrei de meu pai. -Hei pai! -Mas não é que o "cú de seda" veio me ver mesmo? -Pô pai, que linguajar é este? -Não liga não, me dá um abraço.... Abracei meu pai e fiquei impressionado com o aperto que ele me deu. Ficamos alguns dias na cidade ainda. Depois meu pai me levou para o mato, como eles dizem lá. Pegamos um ônibus que ele chamava de "poeirinha" que nos levaria até o Rio Cachoeiro. Descemos num restaurante que ficava a beira da estrada. De lá caminhamos, a noite por 16 quilometros intermináveis para chegar a um rancho que ainda não era o do meu pai. O vizinho nos recebeu com um café quente e um pedaço de bolo. Saimos ainda a noite e continuamos a caminhada. Meu pai olhava para o chão e apontava : Aqui passou uma onça, olha o tamanho desta pegada! -Para que você está me assustando velho... -Velho é sua vó... -Tá bom, não te chamo mais de velho, mas vê se para de me assustar. -Não tenha medo de bicho rapaz, tenha medo de gente. Bicho não ataca por nada, só se esiver com muita fome ou acoado. -Eu espero que esta onça não esteja com fome mesmo. -Bom, fica sossegado que tem muita vaca no pasto para elas pegarem. Chegamos em fim ao rancho de sapé onde meu pai morava.A lua era maravilhosa, clareava tudo, nem precisava de lanternas.
Fomos dormir. A tapera não tinha folha de janela para fechar, a porta não trancava, só encostava. Perguntei ao meu pai se ele não tinha medo de algum bicho entrar. ele novamente repetiu: Tenho medo do bicho homem, do resto eu não tenho não. Dormi com dificuldade naquele dia. Durante a noite meu pai teve febre. Perguntei o que ele tinha e respondeu que era malária. Mas que era normal aquela febre. Ele estava tratando com um comprimido de quinino que era dado pela sudene, mas tinha acabado. Ele tinha que ir num posto buscar e eu iria com ele lá. Era um vizinho que fazia a distribuição, mas a palavra vizinho não tem para os mateiros o mesmo significado que tem para os seres urbanos. Vizinho lá siginifica a"a casa mais proxima" que pode ficar de 2 a mais quilometros longe. Um dos dias meu velho me propôs que fossemos para uma área das terras que ele não conhecia muito bem. Era noite e no dia seguinte levantariamos cedo e partiriamos munidos apenas de um embornal com um bolo que ele sabia fazer na frigideira, um pouco de café numa garrafa térmica, um isqueiro e um pouco de resina que ele tirou de uma árvore. Acordamos cedo e logo saímos ainda com o sol raiando. Conforme iamos caminhando ele ia me falando: Esta árvore aqui se chama Pau de Macaco. Da casca dela você faz um chá que é bom para reumatismo. Ali temos uma planta que se chama chapéu de couro. o chá dela é também muito bom para reumatismo, para limpar o sangue. Não me atenho a detalhes do que ele ia falando porque faz muito tempo e realmente não lembro do nomes de todas as árvores e doenças que eles pretensamente curariam com seus chás. Me lembro no entanto que ele pediu que ele parasse debaixo de uma pequena árvore e ficasse ali por um instante. ele balançou a árvore e choveu formigas das folhas, do caule, te todo lugar. Eu me bati até tirar as danadas do meu corpo. Entraram até em minha cueca. Eu ri porque não tinha o que dizer da brincadeira de mau gosto. -Seja homi, cú de seda! -Pai, para com isto. ser picado por formigas não faz de mim mais homem nem menos. -ai, maricão besta é tu heim... Bom, sei que andamos durante o dia inteiro até que ele admitiu que estava perdido. Estava seguindo o curso do rio mas tivemos que cortar caminho por um lugar mais aberto e pronto, ele disse que se perdeu. Dormiriamos na mata. Havia chovido. -descansaremos depois destas samambaias. Ele apontou para um matagal de samambaias que dava mais do que a altura de um homem. -Mas como atravessaremos esta mata de samambaias? -Nadando por cima é claro. Vai, sobe no colchão e nada. Foi o que eu fiz, imaginando que no meio daquele colchão de samambaias poderia ter tudo quanto é tipo de bicho, mas copiei seus movimentos e por fim, com muito custo, passei ao outro lado das samambaias. -Acamparemos aqui, disse ele. -Aqui pai? Mas dá para fazer uma fogueira? -Claro que sim. Pegue esta resina e junte um pouco de madeira que acenderemos um fogo. -Mas a madeira está molhada. Andou chovendo. -Sim, mas veja aqui, esta resina pega fogo mesmo assim. O fato é que em alguns momentos havia um pequeno fogo. Saia muita fumaça, o que era bom porque espantava os mosquitos. Mas eu passaria o resto da noite assoprando o fogo e pondo mais madeiras para que o fogo jamais se apagasse. Meu pai simplesmente tirou a roupa, pendurou num pau que enfincou no chão, juntou algumas folhas velhas no chão e dormiu a noite inteira como uma criança em cima do montouro de folhas. Eu havia cortado o dedo meio feio até chegar até ali. Eu tinha levado um facão que quebrou o cabo e tentei improvisar um cabo enrolando uma folha de bananeira no aço do facão que ficou exposto por falta do cabo. Quando fui subir em um morrinho, usei o facão para me apoiar e ao escorregar, cortei feio entre o dedo mindinho e o seu vizinho. Sangrou muito e fui obrigado a rasgar um pedaço da camiseta para enrolar o dedo. Só andei até ali com a mão para cima, para o dedo não sangrar mais. Foi assim que passei a noite no meio da floresta. Dedo cortado, ouvindo barulhos de todos os lados e pensando que era onça e meu velho ali, socegado dormindo. No dia seguinte, meu pai acordou como se estivesse acordado em sua casa. Levantou e disse. -Agora ouço o rio, sei que ele está para lá. vamos por ali. andamos no meio da mata passando por várzeas onde eu tinha que mergulhar por baixo de galhos de árvores para poder passar. Lama até o pescoço. Depois de um tempo de caminhada, finalmente chegamos na tapera de volta. A que vocês podem ver na foto acima. Dai, fiz um curativo menos pior do que o anterior e queria dormir. Meu pai não queria. Não tinha sono porque dormira bem a noite toda. Ele queria ir á casa de um vizinho fazer uma visita. Ele me deu uma pinguinha quando chegamos a casa por causa do frio que passei. Ele tomou da pinguinha também e ficou meio chapado. Dai ele tentou me carregar nas costas para chegar até o vizinho.Mas não deu jogo. Por fim resolveu me deixar em paz para dormir. Dormi então no calor do dia, como se dorme depois de uma noite em claro na mata. Essa foi parte de minha aventura em Rondônia com meu velho pagé e mago. Depois eu conto mais.