sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Isaias Alves dos Santos, um mago Baiano

Paisão. Saudades do meu amigo velho. Ele era um cara mágico, um mago. Um pagé, um matero, um índio. Sabia muito de plantas curativas, pena que eu não soube aproveitar isto e não anotei nada do que ele me falava. Ele éra crentovsky, mas falava umas coisas estrooonhas de vez em quando. Certa vez ele disse que teve um sonho, muito parecido com o real, ele quase podia afirmar que era real o que viu e fez. Disse ele que Jesus veio e o chamou, enquanto seu corpo dormia, para um passeio. Colocou-o numa nave espacial e viajaram por outras galaxias, coisa de louco. Eu, na ápoca, não me liguei e o achei mutcho loco. Mas hoje entendo que ele provavelmente fez uma viagem astral e não sabia o que era isto. Mas ele falava com os animais. Certo dia eu vi um beija-flor entrar no rancho em que ele morava e avançar umas três vezes na cara dele. Eu perguntei: Pai, porque este pássaro avançou na sua cara? Você cria passaros, ele é treinado? -Não Rudi, ele veio me avisar que alguém em São Paulo morreu. Você deixou alguém doente lá? -Sim, a vó estáva muito doente quando sai de lá. -Então, ela faleceu. Foi dito e feito. Liguei assim que pude para São Paulo e minha avó havia morrido. Eu acho isto mágico não é não? Ele não tinha porta nem janela na palhoça em que vivia. Não tinha medo de bicho, dizia ele, quem faz mal aos outros é gente. Bicho só quer viver em paz. Tem muitas tiradas do meu pai. Caiu num posso de 7 metros cheio de ferramentas e não se feriu. Quando um incêndio ia quemar a casa em que morava com minha mãe e os 3 filhos, ele ajoelhou no chão, ergueu os braços e pediu a Deus que parasse o fogo. Parentes meus viram depois e minha mãe contava que o fogo parou em volta da casa, sem motivo aparente. Ficou uma roda de capim que não pegou fogo a volta da casa, e o resto virou brasa. Ele era um cara de fé. Era um homem voltado para a vertical, não para a horizontal.Na horizontal temos o tempo, a vida comum que nos leva ao túmulo. Na vertical nos conetamos com o todo, com a eternidade e não nos importamos com o tempo nem com nada que seja externo a nós mesmos, á nossa consciência. Ele era assim. Um monge crente.Desapegado de coisas que não fossem excenciais .Vivia o momento, era plugado no todo, no universo e sentia prazer em ser apenas mais um capial do mato.Um zé ninguém. Este era meu pai.

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