sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Tio Heitor, um dos Einsteins da família

Tio Heitor Soares de Macedo. Este personagem importante tem que abrir meu blog de historias de familia. Afinal é o que mais historias me contou e me conta até hoje quando tenho o raro prazer de visitá-lo. Toda familia deveria ter um tio assim. Um cara inteligente, divertido, alegre e desencanado com o que os outros vão pensar de sua aparência, de sua casa, de seu carro etc. A historia que abre este meu novo blog nos leva a um tempo emque o tio Heitor ainda era um moleque. Ele sempre teve a inteligência dos mais inocentes e seu pensamento já estava acima da média desde criança. Nesta historia eu gostaria de mostrar, como diz OSHO, que a inteligência e a desobediência andam juntas. Fazer tudo o que os outros te mandam e nunca questionar não é nada inteligente. Também desobedecer por desobedecer é burro, há que se pensar no porque das coisas que lhe são ordenadas por outrem. Mas desobedecer por pensar e trazer pra si a responsabilidade dos seus atos não é ruim. Nada de desobedecer por raiva, porque seu ego lhe diz que é melhor, não. Desobedecer sim porque não lhe foi explicado o porque daquela ordem muitas vezes estupida mesmo. Pois é, sem mais delongas ai vai a historia da sábia desobediencia do tio Heitor. Minha mãe me contou esta história e faz muito tempo, portanto,me perdoem os leitores se não me ative a detalhes exatos, mas, em fim, é a minha maneira de contar. -Heitor, venha aqui que preciso de sua ajuda, disse Odete com um tom sério mas , sobretudo carinhoso. Odete amava muito Heitor, seu irmão. Ela era paraplégica e não podia andar em lugares onde o chão não era muito regular, por isto tinha que pedir a Heitor que fizesse aquele pequeno trabalho domestico. -Está vendo este caldeirão de feijão estragado? Bem meu querido, você pode jogar fora para mim pois se eu jogar perto da casa pode dar uma doença chamada tifo. -Mas, onde eu jogo isto? Disse Heitor em seu permanente estado de dúvida. -Sei lá menino, jogue bem longe da casa por ai. Naquele tempo não havia saneamento básico em toda a cidade e nem lixeiro ou coisa parecida que passasse periodicamente. Então o lixo orgânico éra um problema a ser descartado longe das casas para não acarretar doenças.Cá pra nós o feijão até hoje é chato pra descartar. Se vc põe no lixo comum vaza, se joga na pia entope, em fim, continuando... Heitor foi andando com o caldeirão de feijão e pensando: -Aqui tem o chiqueiro dos porcos. Bom, não posso jogar aqui. Coitados dos porcos, se eu jogo aqui poderão pegar tifo. Vou andar mais um pouquinho. Andou mais um pouco e encontrou um pasto. -Aqui também acho melhor não jogar, pois as vaquinhas podem pegar tifo. Vou ver se jogo mais pra frente. Chegou a um rio que passava perto do pasto, olhou o rio correndo. Agua barrenta, mas viu logo a frente algumas vacas bebendo água . -No rio também não vai dar, acho que se jogasse aqui as vaquinhas iriam se por doentes e também as lavadeiras que lavbam roupa na beira do rio poderiam pegar tifo. E assim Heitor continuou andando por horas pensando em como resolveria seu problema. -Enterrar também não dá porque as minhocas pegariam tifo. Dai eu ia precisar de minhocas para pescar e o peixe ia comer a minhoca tifada e depois a gente ia comer o peixe e pegar tifo. Na rua também não dá porque os cachorros podem comer e pegar tifo... No fim da tarde Odete já estava para chamar algum dos outros irmãos para sair atras do Heitor. Ele havia saido com o caldeirão de feijão estragado pára jogar fora e nada. Nem sinal de Heitor voltar.Odete passara o dia inteiro preocupada com o irmão que nem voltou pro almoço. Onde estaria ele, devia estar com fome. O que será que havia ocorrido. Por fim, para alivio de Odete, o pequeno Heitor voltou para casa com o caldeirão. -Menino, onde é que você passou o dia inteiro? Precisei do caldeirão para fazer comida e você não trazia de volta nunca. Odete pegou o caldeirão de feijão e viu que o feijão estragado ainda estava no caldeirão. -Menino, não te pedi para jogar este feijão fedido fora? -Sim, respondeu Heitor, mas eu não pude jogar em lugar nenhum porque eu ia pensando: Se jogo no chiqueiro os porcos pegam tifo, no pasto as vacas pegam tifo, no rio as vacas os peixes e nós pegamos tifo, na rua os cachorro podem comer e pegar tifo. Dai eu trouxe de volta porque realmente não sei onde jogar este feijão. Odete passou da perplexidade ao riso e abraçou o irmão. -Daqui Heitor, deixa que eu peço para o Wilson jogar. Creio que a inteligência é isto. Algo que parece tão estúpido mas tem um fundamento tão profundo quando você analisa de perto. Olha as noçoes de cadeia alimentar, de higiêne, de amor aos seres vivos que esta criança passou nesta simples desobediência inocente. Aproveito para contar uma historia que Osho me contou hoje. Em seu livro "inteligência" ele disse que em sua escola, quando ingressou no mundo das letras, era proibido ficar sem boné. Todo mundo tinha que usar boné porque era regra da escola. Osho foi sem boné e, logo que entrou na sala de aula o professor lhe disse: "...."vocÊ parece muito estranho. Está escrito no regulamento da escola que nenhum aluno pode entrar aqui sem boné." Repliquei: "Então este regulamento precisa ser alterado. Ele foi escrito por seres humanos, não por Deus, e seres humanos se enganam." O professor não pode acreditar e disse: " o que há com você? porque não pode simplesmente usar um boné?" Respondi: "o problema não é o boné; quero descobrir porque ele é obrigatório, sua razão, suas consequências. Se você não for capaz de me explicar, pode me levar ao diretor e poderemos discutir sobre isto. Ele teve de me lavar ao diretor." Na India, segundo explica Osho, os Bengalis são as pessoas mais inteligentes e não usam nada na cabeça. já os Punjabis são os menos inteligentes, pessoas simples e usam turbantes. Continuando a fala de Osho: "Assim eu disse ao diretor: "olhe a situação, os Bengalis não usam bonés e são as pessoas mais iteligentes do pais. os Punjabis usam um turbante espesso que certamente é mais do que um boné e são menos inteligentes.Se este regra realmente tiver a ver com ter ou não inteligência, prefiro não correr o risco." O diretor me escutou e disse: "O menino é teimoso, mas o que ele está dizendo faz sentido." Daqui para a frente quem quiser usar boné pode usar, mas quem não quiser não precisará mais porque isto nada tem a ver com a aprendizagem". E assim ninguém mais da escola usava bonés, apenas o professor torrão. Um dia Osho lhe falou: Professor, se o senhor me disser porque usar boné me faria mais inteligente eu uso não só um mas 3 deles. O professor então em fim resolveu não utilizar mais o boné mas disse a Osho: "menino, você vai ter muitos problemas para se ajustar na vida" (parafraseei e resumi algumas coisas para encurtar e ser possivel contar a história). O importante é que desobedecer tem consequências e não é fácil Se você simplesmente obedece, não tem que arcar com as consequências dos seus atos, ao menos você tem esta ilusão. Desobedecer carece de amor e paciência para explicar porque você não fará determinada coisa ou não cumprirá determinada ordem.Sem raiva, sem ego. Apenas para se fazer entender.

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